São Paulo tem uma história peculiar de seu crescimento urbano. Até meados do século XIX, a cidade conservava muito de seu aspecto colonial e apresentava crescimento paulatino. A partir do final do XIX e início do XX, cresce de maneira muito mais rápida devido principalmente à intensa imigração, à economia cafeeira promissora e ao processo de industrialização. A cidade do início do século XX se torna, portanto, muito diferente da anterior, tanto econômico quanto social e culturalmente. Estas intensas e rápidas mudanças são absorvidas com grande euforia pela sua população. Nesse contexto, passa a fazer parte do cotidiano paulistano um discurso que celebrava o crescimento e o progresso da cidade procurando equiparar São Paulo às grandes capitais europeias e mostrar a sua hegemonia no contexto nacional. No mesmo período, há uma revisão do passado paulistano com a criação do mito bandeirista, acentuando o caráter heroico de seu povo. Este trabalho, ainda em desenvolvimento em pesquisa de doutorado, procura compreender a representação desta cidade no início do século XX a partir de dois grupos de fontes que perpassam os temas urbanos: os periódicos técnicos que tratavam das questões ligadas às engenharias, arquitetura e urbanismo e as revistas de artes e literatura que discutiam as transformações artísticas da época. Os textos destes documentos, embora discorram sobre assuntos tão diferentes, mostram uma visão em comum sobre a cidade, que procura enfatizar as transformações urbanas como sinônimo de progresso e evidenciar a soberania da cidade e de seu povo. A partir dos conceitos da História Cultural, que entende as representações como fundamentais no processo de criação do imaginário urbano, a pesquisa busca verificar como os projetos e escritos sobre São Paulo presentes nestas fontes dialogam na construção do imaginário da cidade em um período de tantas transformações como o início do XX.