Desde o século XIX, a ciência exerce um papel preponderante na sociedade, chegando-se a menosprezar outros saberes (senso comum, teologia, filosofia etc.) e considerá-la o único saber realmente passível de compreensão e de credibilidade. Entretanto, compreende-se que o ser humano constitui-se a partir de uma diversidade de saberes e, dentre eles, o saber popular, presente na cultura tradicional brasileira e desconsiderado na maioria das escolas. A área de educação em ciências, seja do Brasil ou no exterior, se desenvolveu em torno das preocupações metodológicas. Ainda que sejam efetivas, por vezes deixam de inter-relacionar suas análises ao contexto social de produção da ciência. Nem sempre analisam o conhecimento científico como uma produção cultural. O conhecimento científico é uma produção particular, com as características específicas de uma produção marcada pela pretensão de ser um discurso verdadeiro e rigoroso, em constante diálogo com a empiria, mas ainda assim uma produção cultural. Na medida em que é uma produção cultural, é uma produção histórica, provisória, marcada pelos diferentes interesses sociais. Para a formação de professores consideram-se importantes estes conhecimentos e discussões para os(as) futuros(as) profissionais. A interpretação da ciência como uma produção cultural deve ser discutido e construído, na formação inicial é muito importante a existência de atividades como esta proposta, que fale de ciências e de educação científica, também de cidadania, tecnologias, formação de professores, linguagem, história, política, saberes populares e escolares, religião, enfim, de cultura. Neste trabalho apresenta-se uma proposta aplicada na disciplina de Metodologia de Ensino de Ciências do curso de Formação de professores na UPF (Universidade de Passo Fundo, RS, Brasil) que resgata saberes populares das comunidades de procedência dos estudantes e após uma construção coletiva na sala de aula, devolve este conhecimento em forma de sequencias didáticas para a comunidade investigada.