Entende-se como cultura escolar o processo de inculcação de normas e conhecimentos com finalidades que variam de acordo com o contexto histórico e cultural onde se situam as instituições escolares. Tradicionalmente, a cultura da escola é construída através de normativos legais que respaldam o trabalho educativo, mas também a partir das práticas cotidianas desenvolvidas no interior da sala de aula pelos professores e estudantes. A ausência do diálogo reflexivo que o fazer pedagógico demanda perpetua ações não ditas nem justificadas por meio da crença na obviedade destas ações. Dentre as práticas pedagógicas a avaliação encontra espaço de reificação de processos de exclusão ao contrário do que defendem autores sobre o seu papel de aliada ao processo de desenvolvimento e aprendizagem. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é discutir as formas de refinamento dos processos excludentes na escola a partir de três estudos de casos acerca da representação do diagnóstico de transtorno de aprendizagem no trabalho pedagógico. Encontra legitimidade no paradigma racionalista da ciência as práticas de exclusão de alunos que apresentam dificuldades no percurso de aprendizagem atravessadas pelo uso de instrumentos escritos como desdobramento da justificativa do fracasso escolar descrito nos diagnósticos de transtorno. Acredita-se que a instrumentalização da educação por meio de “provas universais” coaduna com o preceito científico racionalista de controle-prova para inferir as aprendizagens que se manifestam de variadas formas e não somente por meio de recursos que avaliam o discurso proferido/escrito. A profundidade que se exige nas avaliações e na celeuma da medicalizaçao na educação deve estar centrada para além do discurso, mas na singularidade e subjetividade humana característica das relações sociais que se apresentam como centrais no processo educativo.