Nosso trabalho tem o intuito de suscitar discussões e reflexões a respeito da inclusão de estudos interdisciplinares sobre literatura e música dentro dos cursos de Licenciatura em Música do Brasil. Nesse sentido, repensando o processo de formação docente, sugerimos inserir no currículo dos cursos de música das universidades brasileiras uma disciplina que consista em um trabalho didático interdisciplinar dessas duas artes. De acordo com Calvin Brown (1987), as relações lítero-musicais se tornaram campo reconhecido de estudo no século XVIII. Ainda assim, isso é negligenciado nos curso de música do Brasil, e a reflexão sobre a influência disso na formação do professor de música brasileiro é recente. Nossa experiência como docente em cursos de graduação nos permitiu detectar problemas, tais como a dificuldade dos estudantes em compreender, analisar e interpretar obras musicais, e a desmotivação para estudar o repertório das disciplinas sobre História da Música. Além disso, para enfrentar os desafios atuais da atuação docente, o músico precisa ter uma formação mais ampla, com olhar aberto à diversidade e dialogando com outras áreas de saberes. Por isso, sugerimos modificar os caminhos de aprendizagem por meio do desenvolvimento de trabalhos didáticos que tratem das correspondências entre música e literatura. Nessa lógica, apontamos o conhecimento dessas interrelações como ferramenta necessária para o docente compreender, produzir e ensinar música, ampliando as possibilidades do seu campo de atuação e respeitando a pluralidade exigida no século XXI. Para mais, supomos que tal tratamento contribuirá para um aprimoramento da competência estética do professor e do desempenho do estudante de graduação em outras disciplinas. Desejamos ainda colaborar para pesquisas futuras acerca desse tema no Brasil. Nosso trabalho fundamenta-se, principalmente, nos estudos de Pierre Brunel (1989), Steven Paul Scher (1981), Solange Oliveira (2002), Requião (2002), Bellochio (2003