O intuito central de minha fala é apresentar como a dúvida e a incerteza podem ser fundamentais para se pensar a educação na contemporaneidade. Para tanto, busco o entendimento acerca da incerteza em três autores da Filosofia - Michel de Montaigne, Friedrich Nietzsche e Clément Rosset. A meu ver, em suas obras, a incerteza é entendida como uma condição fundante do pensar - ela não é um mero estágio em um caminho reflexivo que almejaria a certeza; ao contrário, a incerteza, para esses pensadores, é tudo o que há. Nesse sentido, interessa-me observar como as compreensões dos três pode indicar um contraponto a uma certa ideia de verdade presente no ambiente escolar, sobretudo em nossos dias, em que esse ambiente é atacado por discursos que lhe são estranhos mas que pedem passagem e lugar cativo em seu interior. Refiro-me aqui tanto a uma forma de "fake news" que tem confrontado os currículos quanto a projetos como o "Escola sem Partido", que, no Brasil, tentam neutralizar a fala docente. A meu ver, talvez esse cenário seja fruto de um apego histórico à verdade - independentemente do que é entendido por ela - e, não, exatamente, das novas tecnologias e de seus efeitos. É por isso que, recorrendo aos três pensadores, creio ser possível pensar em uma escola mais desprendida da verdade enquanto valor e mais entregue ao que há de incerto - pensamento este que demanda uma disposição outra com relação a conteúdos e práticas.