O presente artigo tem como objetivo refletir nas práticas pedagógicas antirracistas desenvolvidas no processo de reeducação das relações étnico-raciais na infância no Brasil. No ano de 2003, como resposta as reivindicações do movimento negro, foi sancionada a Lei nº 10.639, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos currículos escolares. E, no ano de 2004 foram instituídas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais (DCNERER). Este artigo investiga, se tais políticas de ações afirmativas, produziram mudanças, na educação das relações étnico-raciais, nas instituições de Educação Infantil, do estado do Rio de Janeiro. Considera-se que a educação das relações étnico-raciais no Brasil é marcada por tensas relações causadas pelo racismo, por isso designa-se na pesquisa, nomear por ‘reeducação’ destas relações, ações que coadunam com uma proposta antirracista. A pesquisa pauta-se na metodologia qualitativa e tem por objetivo mapear e analisar as iniciativas de ação antirracista na perspectiva da Lei 10.639/2003 e das DCNERER desenvolvidas no estado do Rio de Janeiro pelas redes públicas de Educação Infantil. Na análise das ações antirracistas desenvolvidas, busca-se a relação destas ações com um novo processo epistêmico de conhecimento, para tal, o referencial teórico da pesquisa compreende os estudos de Santos & Menezes (2010) acerca das epistemologias do Sul e de Vieira (2018) sobre os aspectos socioculturais da raça/etnia no Brasil. A pesquisa também se vincula às produções acadêmicas sobre a importância dos estudos sociológicos da infância para conhecer as crianças (SARMENTO, 2003, 2009), incluindo a criança brasileira (CAVALLEIRO, 2000; ROSEMBERG, 2012; PEREIRA, 2015, VASCONCELLOS & SARMENTO, 2007). Por fim, considera-se a necessidade de se combater o racismo, bem como da relevância de que novas epistemologias permeiem o processo de aprendizagem das relações étnico-raciais na infância.