Objetiva-se expor elementos teóricos da Psicologia Histórico-Cultural (PHC) advindos de pesquisas bibliográfico-conceituais (2014-2018), voltados à Educação Especial. Considerando o caráter sócio histórico das funções psicológicas superiores, entende-se que a inteligência ou intelecto pode ser estimulada(o) por mediações instrumentais. Para a PHC, os dois primeiros estágios da formação do intelecto correspondem: aos instintos - reações hereditárias e inatas para satisfação das necessidades básicas e sob a função biológica de preservação e reprodução; e ao condicionamento/reflexo respondente ou treinamento - com base no reflexo incondicionado – com reações não hereditárias, provenientes da experiência e resultantes de treinamento específico e individual. O terceiro estágio, o intelecto prático, representa uma nova forma de combinação de reflexos condicionados, que significa uma nova qualidade e forma de comportamento. A inteligência da criança antes dos dois anos de idade corresponderia ao intelecto prático (Vygotsky & Luria, 1996). A partir daí o pensamento e a fala cruzam e criam uma nova forma de comportamento: a fala se torna intelectual e o pensamento verbalizado. Constitui-se, pois, a inteligência cognoscitiva e a inteligência prática passa a ser gradativamente dominada pelas palavras e outros signos. Estudos do intercruzamento entre pensamento/intelecto e linguagem, permitem considerar que os deficientes intelectuais de severo comprometimento apresentam o nível intelectual de uma criança de 0 a 2 anos, pois aparentemente seu intelecto e sua linguagem não se intercruzaram. Haveria nestes uma dificuldade em compreender a realidade pelo intelecto e expressar o pensamento pela fala. E é justamente nesse contexto que a atuação docente pode assumir o caráter de mediação instrumental. Conclui-se que quando o professor é subsidiado teórica e metodologicamente por essa abordagem pode atuar como agente mediador, de modo a direcionar o rumo do desenvolvimento da criança desde os primórdios, impactando notoriamente em sua deficiência intelectual ou necessidade educacional especial.