Análise fundamentada no referencial materialista histórico e dialético, acerca da educação do campo como práxis pedagógica oriunda dos movimentos sociais no Brasil contemporâneo, evidenciando o período pós-advento da Lei 9.394∕1996 até a quadra política atual, com destaque aos movimentos sociais do campo enquanto sujeitos de políticas públicas, bem como às estratégias de incorporação das suas demandas históricas nesta área pelo Estado em sua agenda governamental. Cumpre mencionar que a educação do campo vem conquistando espaço considerável nos debates acadêmicos e nas políticas públicas educacionais no Brasil, sobretudo, nos anos finais do século XX, estendendo-se à primeira década do século XXI. Convém destacar que esse espaço conquistado não emerge do nada, nem tão pouco se constitui iniciativa das políticas públicas, materializadas, por sua vez, pela gestão pública atual em programas e projetos governamentais, de forma autoexplicativa. Antes, esse espaço emerge de um movimento social, de mobilização dos trabalhadores do campo, sendo, portanto, fruto da organização coletiva desses sujeitos diante do acirramento da questão agrária, evidenciada pelo desemprego, êxodo rural forçado, pela desesperança em relação ao campo como lócus de pertencimento e identidade sociocultural, de garantia de condições materiais de sobrevivência, advindo, assim, das lutas sociais protagonizadas pelos povos campesinos, comprovadas pela historiografia do Brasil. Considerando, ainda, a riqueza contida num debate sobre esta modalidade de educação e de ensino, repleta de especificidades e com raízes socioculturais diversas, ratifica-se a relevância e originalidade da presente reflexão.