O estudo focaliza vozes de professoras participantes do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Como política pública de formação de professores, o PNAIC assumiu contornos diferenciados – pela primeira vez na história da educação brasileira, todas as unidades federativas puderam ofertar condições para o desenvolvimento profissional dos alfabetizadores. O programa também  inaugurou condição especial de investimento educacional – o pagamento de bolsas de estudo e pesquisa aos participantes dos processos formativos. O objetivo do estudo é analisar representações de alfabetização e letramento produzidas pelas professoras, discutindo como estes conceitos foram apropriados, reconstruídos e ancorados em suas práticas pedagógicas. Foi realizada pesquisa de natureza qualitativa, que visou uma abordagem interpretativa e reflexiva da realidade. Os dados foram coletados entre novembro e dezembro de 2015, sendo aplicado questionário a 3.152 professoras, em 119 municípios do Vale do Jequitinhonha, regiões norte e central de Minas Gerais. Constatou-se que, sobre a alfabetização e o letramento, foi produzido um grande mosaico de representações e de práticas. As professoras encontram-se divididos pela afirmação da continuidade e a mudança radical de suas concepções e práticas alfabetizadoras. Entre afetos e tempos de aprendizagem, entre resistência e temor às mudanças, entre a naturalização do não aprender e a urgente superação desta realidade, entre decifrar a palavra e inserir-se no mundo da cultura escrita, entre jogos, brincadeiras e abordagens tradicionais, as professoras revelam seus pontos de vista, seus modos de ser, sentir, fazer e pensar o ofício docente e a ação alfabetizadora. E, em meio à diversidade de vozes, as professoras também destacam o valor do PNAIC e sua incidência nas salas de aula, nos processos de ensinar e na garantia dos direitos de aprendizagem das crianças.