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Introdução fundamentada
No ano de 2020, o Brasil deu início a uma prolongada trajetória de combate à disseminação do novo coronavírus, de modo que, nesse processo, foram adotadas diversas alternativas de prevenção para evitar o contágio da doença Covid-19. De acordo com Sousa (2020), o cenário atípico atual pode ser definido como uma crise sanitária global que causou impactos mundiais nas áreas sociais e econômicas. Sendo observada a manifestação no despertar dos indivíduos, no que se refere a concepção da necessidade de um cuidado eu-outro, mesmo que a distância. Segundo Guerra et al. (2020), estas noções se estendem até mesmo para uma reflexão a respeito das interassociações eu-outro-meio ambiente, o que para os supracitados autores evidencia a urgência de abordagens alusivas ao ramo da Educação Ambiental (EA).
Ainda concernente ao âmbito escolar, um dos meios para superação dos impasses decorrentes da pandemia foi a suspensão das aulas presenciais, fazendo com que educadores e educandos, obrigatoriamente, migrassem para uma realidade online (Moreira, Henriques, & Barros, 2020). Conforme a Nota Técnica “Ensino a distância na Educação Básica frente à pandemia da Covid-19”, do Todos Pela Educação (2020), o atual período trouxe diversos contratempos, uma vez que nele o emprego das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) é constante, sendo este aspecto pouco usual no modelo presencial das redes escolares, muitas vezes por falta de incentivo financeiro, que desencadeia a escassez de recursos.
Atrelada às referidas problemáticas, existe também o fator da carência na produção de materiais digitais alusivos a conteúdos próprios das disciplinas de Ciências da Natureza, com foco na EA, que se fundamentam nos ideais de acessibilidade para o público surdo. Essa perspectiva de “falta” parece ser contraditória, dado que o espaço virtual proporcionou diversos benefícios para a comunidade surda (Gori, Corrêa, & Galon, 2019). Entretanto, a baixa presença de recursos nos meios eletrônicos, que atendam às demandas da Inclusão Digital (ID), torna essenciais pesquisas que busquem contemplar as particularidades de cada indivíduo, atentando ao abalizado desenho universal.
No tocante a ID e a construção de elementos, como no exemplo de videoaulas, são necessárias noções fundamentais, como quanto a centralização de estruturas de sintaxe visual, tais como ponto, linha, forma, cor e luz (Dondis, 1991), além da presença dos Tradutores Intérpretes de (Língua Brasileira de Sinais) LIBRAS (TILS), que são os profissionais de apoio atuantes na sala de aula inclusiva (Borges & Júnior, 2018). Dentro desse contexto, o presente trabalho se justifica na oferta da ampliação de recursos audiovisuais acessíveis para pessoas surdas nos contemporâneos tempos remotos, nos quais foram abordados: o 6º (sexto) Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS), Educação Ambiental e os impactos causados por catalisadores orgânicos. Tendo como principal objetivo, a superação das adversidades provenientes da escassez de produções na internet, que estejam inertes nos princípios de uma educação para todos os públicos.
Metodologia
Para o desenvolvimento da ação adotou-se o uso da metodologia qualitativa e de cunho participante. De acordo com Marconi e Lakatos (2021, p. 269): “a metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc.”. Por outro lado, a pesquisa de cunho participante sugere a participação ativa do discente na construção do seu próprio conhecimento e a convocação do pesquisador para atuar, ativamente, como um investigador ou interlocutor que se insere no contexto dos discentes (Schmidt, 2006).
A pesquisa foi desenvolvida por três docentes de Química de três diferentes campi do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), a saber, João Pessoa, Cabedelo e Sousa, no estado da Paraíba, Brasil. Vale frisar que, um destes docentes também é intérprete de LIBRAS. Além destes, participaram também dois licenciandos em Química e dois intérpretes de LIBRAS do IFPB campus João Pessoa.
A aplicação do projeto ocorreu em 2021, de forma totalmente remota, e foi dividida em três etapas. Na primeira etapa, foi realizada uma conferência com a equipe educacional da pesquisa, juntamente com a dupla de intérpretes, visando uma melhor adaptação do conteúdo para o discente surdo, almejando a exclusão de possíveis empecilhos para o aprendizado do mesmo.
Na segunda etapa, foi desenvolvido o material didático utilizado, valendo-se principalmente de recursos visuais, sendo adotada a utilização do software livre “OnTopReplica”, para realizar a fixação da imagem dos intérpretes no material preparado, visto que a aplicação realiza o espelhamento da tela, facilitando a visualização simultânea do material preparado e do intérprete.
Em concernência à terceira etapa de execução, foi apresentado o material para o discente surdo, o nomearemos de Eli, com intuito de resguardar sua privacidade, por meio de uma “aula validativa”, como o nome sugere, buscando a validação do estudante surdo para a metodologia e material didático usado, captando suas reações e falas, visando o aperfeiçoamento da metodologia de ensino para discentes surdos.
Vale ressaltar que, o trabalho em tela tem apoio financeiro do IFPB, conforme Edital Nº 12/2021.
Resultados e discussão
Com a realização da conferência apresentada na trilha metodológica, pôde-se ter ciência das primeiras dificuldades encontradas, a visualização do intérprete de LIBRAS, a qual os professores valiam-se de recursos improvisados para que estes ficassem fixados junto com a apresentação do material didático, prejudicando diretamente a utilização dos recursos visuais de acordo com os intérpretes. Outra reclamação apresentada demonstrava a “poluição visual” dos recursos tecnológicos utilizados, como o excesso de textos e imagens de baixa qualidade, o qual também não apresentava espaço válido para uma tradução contextualizada em LIBRAS.
Durante a segunda etapa da aplicação, deu-se a confecção do material didático, tendo em vista a solução das dificuldades apresentadas pela dupla de TILS, sendo adotado para solucionar a problemática de visualização dos intérpretes e do material que viria a ser confeccionado mais a frente, o software livre “OnTopReplica”, que permite o espelhamento de partes específicas da tela, como por exemplo a imagem da tradução em LIBRAS simultânea dos intérpretes, de modo harmonioso. Assim, foi possível redimensionar o tamanho para que houvesse grande aproveitamento do discente surdo quanto à visualização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Durante a preparação do material didático, foram atendidas as queixas a respeito da “poluição visual”, sendo deixado no mecanismo de exibição do conteúdo apenas imagens e o mínimo de texto, para que houvesse uma concentração maior do discente surdo no conteúdo que viria a ser ministrado.
Na terceira e última etapa, ocorreu a ministração da “aula validativa” contextualizada com a vivência discente, que verteu sobre o 6º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável, Educação Ambiental e os impactos causados por catalisadores orgânicos (adotando conceitos básicos da Química Orgânica). Durante toda aplicação foi vista uma intensa participação do discente surdo, inclusive nos comentários discursivos no chat da aula. Um comentário realizado por ele que teve grande destaque discorria (texto descrito em tradução livre de LIBRAS): “Gostei muito da aula, importante para mim o que foi apresentado, simples de entender, quero também curso na área de química”. O comentário do surdo foi um marco na validação da metodologia de ensino, comprovando a eficácia da ação desenvolvida, bem como sua importância para facilitar o difícil trabalho de inclusão de estudantes surdos em uma turma de ouvintes.
Conclusão
O método de ensino tradicional (sem uso de metodologia inclusiva) ainda tem sido muito difundido nas escolas brasileiras, nem sempre ocorrendo uma inclusão efetiva dos discentes, principalmente de surdos. Superar os problemas desta estrutura de ensino defasada, ainda é um grande desafio. Destarte, faz-se necessário uma urgente modificação na forma com a qual o ensino de Química e a Educação Ambiental são empregados na escola, primordialmente na modalidade inclusiva, sendo de fundamental importância, uma abordagem mais voltada para o perfil desses alunos.
Ações como esta, trazem para a sala de aula uma estratégia nova, favorecendo assim, uma aprendizagem mais significativa, contextualizada e inclusiva, sendo de grande valia para os discentes surdos e ouvintes. Além disso, são de extrema importância para os licenciandos, pois é possível se aproximar dos desafios da Licenciatura, aprendendo no chão da escola como solucionar as problemáticas e desafios existentes na vida docente.
Referências
Educação, T. P. (2020). Ensino a distância na Educação Básica frente à pandemia da Covid-19. Nota Técnica.
Gori, A. F., Corrêa, V., & Galon, T. (2019). A inclusão da comunidade surda por meio das tecnologias de informação e comunicação no espaço virtual. In Revista| ISSN: 1980-6418, 11, 105-120.
Guerra, A. F. S., Orsi, R. F. M., Steuck, E. R., da Silva, M. P., Serpa, P. R., & Rockett, A. N. (2020). Educação Ambiental: a resistência e o esperançar em tempos de pandemia. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), 15(4), 237-258.
Marconi, M. A.; Lakatos, E. M. (2021). Metodologia científica. 9ª ed. São Paulo: Atlas.
Moreira, J. A., Henriques, S., & Barros, D. M. V. (2020). Transitando de um ensino remoto emergencial para uma educação digital em rede, em tempos de pandemia. Dialogia, 351-364.
Schmidt, M. L. S. (2006). Pesquisa participante: alteridade e comunidades interpretativas. Psicologia USP, v. 17, nº 2, pp.
Sousa, R. C. (2020). Vulnerabilidade, vida precária e luto: os impactos da pandemia da Covid-19 no Brasil. Unifesspa: Painel Reflexão em tempos de crise, 25.
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