As diferentes instituições produzem e reproduzem discursos criando narrativas sobre tempos, espaços e sujeitos. Na maioria das vezes esses discursos são hegemônicos, classificando e hierarquizando saberes, corpos, relações sociais, etc, provocando múltiplas formas de desigualdade. Os discursos e currículos da instituição escola reinteiram essas diferenças ou ofertam reflexões sobre outras visões de mundo? Depois de muita pressão social as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 foram criadas de modo a garantir o ensino da história e da cultura dos grupos étnicos que constituíram a formação da população brasileira. Os povos africanos e indígenas foram, por muito tempo, caracterizados a partir de um discurso oficial eurocêntrico, em que eram retratados como inferiores, selvagens, incultos. Uma escola de Educação Infantil, na periferia da cidade de São Paulo, tem focado no ensino das matrizes africanas e indígenas, de forma a (re)pensar os sujeitos na sociedade. A proposta de seu currículo é (re)significar positiva e equitativamente todos os tipos de corpos, de ser e de estar no mundol. Por meio de uma etnografia, com observação participante, ao longo do ano de 2017 acompanhamos diferentes práticas de ensino de matrizes africanas, afrobrasileiras e indígenas, que incluem: literatura infantil, músicas, artes, alimentação, vestimentas, moradias, jogos, brincadeiras, visitas a museus e aldeias indígenas, rodas de conversas com nativas e nativos do continente africano e povos indígenas brasileiros, entre outras. Apresentaremos, nesta comunicação, (re)escritas e (re)leituras das culturas e das histórias dos povos africanos e indígenas. Concluímos que é urgente a discussão e a (re)significação da história ora narrada sob um ponto de vista único, assim como a valorização de todos os povos e culturas que fizeram parte da formação do país. Essas problematizações sociais, políticas e éticas podem propiciar, no presente e no futuro, uma sociedade menos desigual.