O suicídio é um grave problema de saúde pública, principalmente no Rio Grande do Sul, estado brasileiro com as mais altas taxas de mortalidade do país. Em 2016, a taxa do estado foi 11 por 100 mil habitantes (17,8 para homens e 4,5 para mulheres), quase o dobro da taxa brasileira (6 por 100 mil habitantes). Em algumas regiões do estado, como a do Vale do Rio Pardo, os números são mais preocupantes, chegando a 19 por 100 mil habitantes. Com o intuito de compreender os suicídios, desenvolvemos, por meio da Secretaria de Estado da Saúde, o Observatório de Análise de Situação do Suicídio. Para tanto, consideramos o suicídio, pelas rupturas que engendra, um evento crítico (DAS, 1997; MISSE et al., 2012) de grande impacto na vida dos familiares e da comunidade em geral que reflete, de certo modo, um processo social mais amplo. O objetivo desse trabalho é apresentar, além dos resultados dos casos de suicídio estudados, o método utilizado para implantar o projeto, bem como os desafios enfrentados na elaboração do Plano de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio. Método: após apresentação do projeto para gestores e equipes de saúde, localizamos, por meio dos serviços, as famílias enlutadas por suicídio. Dos 48 óbitos, em 2016, realizamos 31 autópsias psicossociais (entrevistas, informações dos prontuários de saúde e do Instituto Geral de Perícia. Resultados/Discussão: O trabalho possibilitou-nos buscar uma origem social comum para casos de suicídio aparentemente diferentes. A análise chamou a atenção para questões socioculturais e econômicas. Também identificamos as dificuldades enfrentadas pelo sistema de saúde no cuidado de pessoas em sofrimento. Considerações: a implantação do Observatório tem auxiliado na compreensão dos casos de suicídio no Vale do Rio Pardo, região marcada pela forte influência da colonização alemã e pela complexa rede de produção do tabaco