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Este trabalho tem como propósito identificar e analisar o lugar que ocupa a ética na filosofia de Heidegger em tempos, em que ele mesmo denomina, o tempo do homem da técnica. O problema preliminar, inclusive, vai mais além, porque se trata de averiguar se efetivamente há um lugar para a ética no pensamento heideggeriano, e se considerando que Heidegger jamais escreveu explicitamente sobre o tema, que razões ele teria para isso? Essa discussão tem ocupado boa parte das análises sobre Heidegger nos últimos tempos, e mais ainda agora, em que são publicados os seus famosos Cadernos Negros. De um lado, estão aqueles que apontam como uma grande e grave lacuna, a ausência da ética no pensamento heideggeriano (FAYE, 2005, 2013; JASPERS, 1978; HELD, 1988); do outro, figuram os que admitem que a pergunta crítica pela ética integra todo o caminho do pensar traçado por Heidegger (GADAMER, 2002; MOYSE, 1992; DAHLSTROM, 1991, etc). A tese aqui defendida vai de encontro a esta segunda corrente. Ou seja, muito embora, Heidegger tenha se negado por várias vezes a escrever uma ética, ele teria razões suficientes para justificar sua posição, posto que sua filosofia sobre o ser guarda profunda relação com o seu modo de pensar em direção a uma peculiar volta ao sentido originário, inclusive, da própria teoria da ação. E que na atualidade reflete o modo ser tecnificado. Em outros termos, metodologicamente, o passo atrás, realizado pela ontologia heideggeriana em busca da pergunta pelo ser, postula por conseguinte, a intrínseca relação com a ética, cujo sentido na época atual reflete o  mundo tecnificado. Para defender essa tese, haveremos de recorrer aos próprios escritos de Heidegger, bem como serão imprescindíveis as interpretações de seus comentadores sobre o tema.