O presente trabalho tem por objetivo apresentar as aproximações e os distanciamentos entre o modelo do Sistema de Justiça Juvenil brasileiro e francês, de modo a discutir sobre o atendimento inicial ao jovem acusado da prática de ato infracional, bem como as possibilidades de redirecionamento socioeducativo da justiça. Metodologicamente, a pesquisa tem perfil bibliográfico e de campo, fazendo uso de revisão da literatura, bem como entrevistas, análise documental e observações de campo para subsidiar a compreensão da conformação da justiça juvenil brasileira e francesa. Os dados preliminares da pesquisa sinalizam dois aspectos centrais, quais sejam: I. no caso brasileiro, a predominância de um modelo pautado no cuidado e que rompe com o paradigma repressivo-reprodutivista da justiça punitiva tradicional; II por sua vez, o modelo francês, mostrou-se rigorosamente burocrático, fragmentado e focado ainda na punição, fazendo com que o suspeito da prática da infração sinta o peso simbólico e institucional da força do Estado. Contudo, em todas as etapas processuais na França, há o respeito aos princípios da defesa técnica e preservação do estado físico da pessoa humana, evitando tratamento cruel ou degradante.