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O (não) docente inovador: Considerações a partir de "Identidade e Diferença"
Partimos da noção de que “identidade” na contemporaneidade é construída (e não naturalizada) e que, além disso, depende de externalidades ao sujeito (rótulos, categorias sociais etc) (FEARON, 1999)(BAUMAN, 1997)(BAUMAN, 2001)(BAUMAN, 2005)(BAUMAN, 2008)(GIDDENS, 2002)(HALL, 2006). Esta dependência é desenvolvida na análise de Katheryn Woodward (2014) que pensa como ela marca as identidades de tal forma que conhecer as diferenças que marcam as idiossincrasias é absolutamente essencial se queremos conhecê-las elas próprias. Tendo em vista essa leitura de Woodward (2014) sobre a importância da diferença na formação das identidades, ensaiamos pensar sobre a díade “professor tradicional”/”professor inovador” a partir da tese estruturalista de oposições binárias, mas não nos limitando a ela. A ideia central é buscar compreender a formação de uma identidade docente que está em crise e sempre em deslocamento do "tradicional" para o "inovador".
1. Para além da análise estruturalista sobre as oposições binárias
De fato, a diferença é uma marca evidente na construção identitária, mas a autora (WOODWARD, 2014) nos alerta para uma nuance. Ela nos lembra que “a identidade é marcada pela diferença, mas parece que algumas diferenças [...] são vistas como mais importantes que outras, especialmente em lugares particulares e em momentos particulares.” (WOODWARD, 2014 pg 11). Esta característica vemos aqui também ao analisar um relato de vida de um professor que se pensa como inovador (SILVA). Um dos pólos dessas dicotomias possui sempre mais valor que o outro. Esta é a principal crítica, segundo Woodward (2014), à tese de oposições binárias dos estruturalistas (como Saussure e Lévi-Strauss). “Sempre um é a norma e outro é o ‘outro’” (WOODWARD, 2014 pg 51). No caso em análise (docente inovador/tradicional) a norma é, insistentemente, confirmada como o inovador e o “inimigo a se combater” é o docente tradicional. Esta mesma retórica se aplica a muitas outras díades, como analisa Hélène Cixous (1975) sobre o papel da mulher na oposição feminino/masculino, a díade natural/cultural por Kathryn Woodward, entre outras. A alternativa, Derrida sugere, é que “em vez de fixidez, o que existe é contingência. O significado está sujeito ao deslizamento.” (DERRIDA apud WOODWARD, 2014 pg 54).
2. Buscando compreensões a partir de um relato de vida de um professor inovador
Buscamos inicialmente estabelecer o polo “universal” (normativo) dessa díade (professor inovador) e encontramos no trabalho de André de Oliveira Garcia (2018) um apropriado ponto de partida. Em sua pesquisa, Garcia conclui que “O professor inovador é aquele que, com base num aprendizado e atualização constantes, possuindo uma disposição para a colaboração, experimentação criativa e motivado (“apaixonado”) pelo que faz, busca sempre o desenvolvimento de seu aluno, de forma parceira.” (GARCIA, 2018 pg 115). Identificamos no relato de vida em questão que seu discurso sobre a identidade de um docente inovador, como é sugerido pelos resultados da pesquisa de Garcia (2018), é amplamente presente no discurso de muitos outros docentes. Essa história mostra que uma identidade é construída a partir da relação com outras. O docente inovador, só o é, porque o docente tradicional não o é. Ser um docente inovador é não ser um docente tradicional. Woodward diria, sobre isso, que “a identidade é, assim, marcada pela diferença.” (WOODWARD, 2014 pg 9).
3. Considerações finais
Analisando um relato de vida de um professor que se pensa inovador, refizemos o discurso de Woodward (2014), agora no campo da educação e formação docente, em especial. Contextualizamos a discussão na contemporaneidade, que é marcada, para Bauman, por uma supervalorização da liberdade em detrimento à segurança. Acompanhada por uma voraz demanda por movimento acelerado, mas sem destino certo, a contemporaneidade é o que engendra esta crise a que nos referimos e é a partir dela que pensamos a formação de uma identidade docente.
Um outro elemento importante que o relato do professor analisado nos lembra é o de que precisamos caracterizar bem os sistemas de representações se queremos analisar as identidades que estes sistemas produzem. Isto é, temos que ter “alguma ideia sobre quais posições-de-sujeito eles produzem e como nós, como sujeitos, podemos ser posicionados em seu interior.” (idem, pg 17). O que significa ser um bom professor? O que significa inovar na educação? Quais são as consequências sociais de se inovar como docente? As respostas a este tipo de perguntas nos ajudam a caracterizar este sistema de representação e nos posicionar, enquanto professores, neste espectro. Em síntese, “a conceitualização de identidade envolve o exame dos sistemas classificatórios que mostram como as relações sociais são organizadas e divididas; por exemplo, ela é dividida em ao menos dois grupos em oposição - “nós e eles”. (WOODWARD, pg 14).
4. Referências Bibliográficas
BAUMAN, Zygmunt. identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2005.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Zahar; 1ª Edição. 2001
BAUMAN, Zygmunt. Turistas e vagabundos: os heróis e as vítimas da modernidade. Zigmunt Bauman, O mal-estar da pósmodernidade. Jorge Zahar Editor, 1997.
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2008.
GIDDENS, Anthony. Modernidade e identidade. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2002.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. TupyKurumin, 2006.
FEARON, James D. What is identity (as we now use the word). Unpublished manuscript, Stanford University, Stanford, Calif, 1999.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais, v. 15, p. 7-72, 2014.
SILVA, Miguel Gameiro. Ser um professor inovador. Disponível em: https://www.educare.pt/testemunhos/artigo/ver/?id=12710&langid=1 Acessado em: 07/03/2021.
GARCIA, Andre de Oliveira et al. O docente inovador: construção de um quadro referencial. 2018
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