Introdução:O trabalho consiste em um excerto de nossa tese de doutoramento. Propomos pensar sobre a experiência de um psicólogo inserido em um Estabelecimento de Saúde. Reconhecemos a influência provocada pela política econômica capitalista na produção de subjetividade e no modo de funcionamento das instituições. Mais do que falar da política da psicanálise nos importa tratar da política frente a qual a psicanálise precisa se posicionar, o que torna imprescindível, a nosso ver, ir em busca dos escritos marxianos. Objetivo: Pretendemos apresentar reflexões acerca da práxis de um trabalhador-intercessor, precavido pela Psicanálise de Freud e Lacan e pela Ciência da História em Marx, em uma unidade hospitalar. Metodologia: Procuramos delinear nossas teorizações nos pautando numa possível aproximação entre a Psicanálise de Freud e Lacan com Marx, postura que entendemos como condição necessária para a escuta diante dos sujeitos nos Estabelecimentos institucionais. Nesta exposição, definimos o conceito de política à luz de “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte”, texto em que Marx assinalou uma leitura específica sobre a história. A respeito da noção de política nos valemos da interpretação do filósofo esloveno Slavoj Zizek, contextualizando a análise marxiana para o contemporâneo. Considerações Gerais: Todavia, lançamos mão da hipótese sustentada por Lacan de que Marx “inventara o sintoma”, isto é, foi o primeiro a denunciar a espoliação de um gozo. Encontramos, pois, um projeto ético similar em Marx e em Freud: há nas respectivas proposições teóricas uma ética, uma política com a intensão de subverter as práticas hegemônicas, representantes do capital, no campo das instituições das Políticas Públicas. Defendemos, portanto, que a escuta sensível de um trabalhador de envergadura transdisciplinar, ancorado em Marx e na Psicanálise de Freud e Lacan, seria um ponto de partida sine qua non para uma práxis nas instituições.