Nesta comunicação discutem-se os resultados, de uma investigação exploratória, sobre o modo como os cidadãos portugueses percecionam e experienciam a vigilância em contexto eletrónico. A vigilância eletrónica pode ser entendida como qualquer processo de recolha sistemática, rotineira e concentrada de dados pessoais, em contexto eletrónico, para um determinado propósito. Como revelou Edward Snowden, num contexto onde o conteúdo gerado pelo utilizador alimenta cada vez mais a Big Data, levantam-se novas questões no estudo da vigilância. Hoje, os cidadãos já não podem ser vistos como agentes passivos no contexto da vigilância, a grande maioria dos cidadãos participa ativamente nos processos de vigilância, podendo negociá-la, tentar resistir e exercê-la sobre outros. Esta investigação segue, em grande medida, as questões levantadas pela conceção teórica da vigilância como cultura. Foram considerados 4 tipos de vigilância eletrónica, a governamental, comercial, lateral e a sousveillance. A investigação centrou-se nos seguintes aspetos: as perceções sobre os interesses e objetivos subjacentes ao exercício da vigilância eletrónica, as perceções em relação à Comissão de Proteção dos Dados Pessoais de Portugal, as perceções em relação às consequências dos vários tipos de vigilância; a conscientização e preocupação em relação aos vários tipos de vigilância, e, por último, a adoção (ou não) de estratégias de negociação face à vigilância. A metodologia da investigação foi de carater qualitativo, utilizou-se a entrevista semiestruturada como técnica de investigação. A população entrevistada é composta por utilizadores da internet com perfis heterogéneos.