A economia de partilha cresceu exponencialmente nos últimos anos com o surgimento de plataformas digitais nos mais diversos setores - transporte, acomodação, educação, serviços, dentre outros. Em consequência, a forma como são promovidas as práticas de partilha por estas plataformas geram discussões nos âmbitos governamental, midiático e científico. Este ensaio tem como objetivo refletir acerca da atuação das plataformas digitais da economia de partilha, questionando como as experiências de partilha estão sendo promovidas e observando como os esforços das organizações envolvidas nesta economia podem impactar a sua essência e seriedade. Interessa-nos as discussões teóricas, as pesquisas e os casos práticos acerca da temática. Algumas plataformas digitais aproveitam-se da relevância e do crescimento da economia de partilha para mostrarem-se parte de um movimento de impacto social e ambiental, quando, na verdade, não promovem sequer uma experiência de partilha. A noção de uma pseudo-partilha, mais recentemente abordada como um ato de lavagem ou distorção do termo partilhar, foi reproduzida na imprensa e na literatura com o termo sharewashing (Kalamar, 2013, Price & Belk, 2016). Todavia, a existência de outras plataformas digitais da economia de partilha que não compactuam com tal atuação parece responder aos efeitos do sharewashing. Recentemente, uma plataforma chamada Fairbnb foi desenvolvida com o objetivo de revitalizar a noção de partilha, desafiando a ideia de partilha pelo benefício do lucro promovida pelo Airbnb. Não podemos desconsiderar que iniciativas distorcidas possam impactar a promoção de plataformas com boas intenções, tão pouco podemos ignorar a necessidade de fortalecer um ethos da participação na economia de partilha, mas ainda podemos acreditar em plataformas digitais que realmente se esforçam para permitir relações colaborativas e práticas de consumo mais sustentáveis.