Esta comunicação propõe uma reflexão sobre uma experiência metodológica na qual o conceito de “Museu Imaginário” de André Malraux foi o estímulo para o resgate do repertório cultural de graduandos do curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Bauru. A obra “O Museu Imaginário” de Malraux (1946) está em consonância com algumas premissas da Cultura Visual, especialmente o reconhecimento da questão da reprodutibilidade técnica, a apropriação da tecnologia como meio fundamental para pensar as imagens de arte e sua incorporação nos processos de ensino da arte. Além disso, o autor promove uma ampliação dos referenciais visuais para além da história da arte ocidental, englobando exemplares da Ásia, África, América do Sul. Defende-se aqui, portanto, uma Cultura Visual que inclui a perspectiva da História da Arte como fator fundamental de diálogo entre o repertório visual e cultural trazido pelo estudante e a produção cultural da humanidade em diversos espaços e tempos. Numa etapa da formação de professores de artes visuais, sugeriu-se a criação de um “Museu Imaginário” pessoal, no qual cada estudante reuniu em imagens seus referenciais culturais. Os resultados revelaram constelações de imagens nas quais apareceram combinados elementos da cultura popular e os referenciais contatados na graduação em artes. Surgiram encartes de álbuns musicais, capas de livros, cartazes de cinema, imagens de games, registros de práticas artesanais produzidas em família (toalhinhas de crochê), assim como reproduções de obras de artistas estudados durante a graduação. Ao refletirem sobre seus “Museus”, os estudantes tomaram maior consciência desses referenciais, que foram valorizados. O resgate e a valorização de sua própria cultura visual permitem a potencialização e as ressonâncias dessa experiência de diálogo entre “Museus” pessoais na sua futura vida profissional como professores.