Em 2017, uma questão tem chamado muito a atenção nas artes visuais e cênicas no Brasil: o corpo nu. A indignação das famílias tradicionais resulta em fechamento de exposições de museus de grande renome, protestos e revolta em grande parte da população. As justificativas eram de que tais exposições incitariam a pedofilia e a zoofilia quando o público tivesse contato com as pinturas. Numa outra perspectiva, pretendo discutir o trabalho do artista plástico mexicano Francisco Toledo, que traz para a sua obra questões como a nudez, o erotismo, a merda, a copulação entre homens e animais. Como um trabalho com os mesmos conteúdos desses banidos no Brasil podem ser lidos sem causar tanta repercussão negativa? O trabalho de Toledo tem ganhado grandes destaques na Europa e também nos Estados Unidos. Nossa proposta de comunicação é a de fazer uma leitura a partir da obra de Toledo como um trabalho que estabelece relações entre diferentes tempos históricos, relações anacrônicas com aberturas e descontinuidades, de recusas ao historicismo tradicional - já que contêm também influências astecas e mitos ameríndios que trazem à tona narrativas da ancestralidade.