Nos últimos anos, os estudos sobre mobilidade têm revelado a intensificação dos fluxos migratórios internacionais, ocasionados pelos efeitos da mundialização do capital, que tem encontrado na força de trabalho migrante um sustentáculo para sua reorganização, sobremaneira das mulheres que, para suprir suas necessidades básicas, se veem subsumidas a condições extenuantes de trabalho. Apesar do aumento quantitativo e qualitativo de mulheres nos fluxos migratórios desde a década de 1980, estas ainda estão invisíveis no processo migratório. Dentre as atividades realizadas pelas mulheres migrantes, há uma maior concentração nos trabalhos mais precários, informais e de cuidados. Estas estão expostas a vários tipos de violação de direitos e discriminação, intensificado e diferenciado em virtude da divisão sexual e racial do trabalho. Esta divisão implica em determinações para a produção e reprodução do capital, que desenvolve uma maior exploração sobre o trabalho feminino, tanto na esfera produtiva como na reprodutiva, atribuindo significados e hierarquias que produzem desigualdades, à medida que naturaliza superioridade ao que se refere ao trabalho masculino e negatividade e inferioridade ao que é realizado pelo feminino, determinando, assim, espaços, papéis e atividades assimétricas. Nesta feita, a migração feminina está também atrelada a outros dois fenômenos: o da feminização do trabalho e da pobreza, visto que as mulheres mais pobres são as mais atingidas pelo modelo econômico e cultural vigente e encontram no deslocamento alternativa para mudar as condições de vida e trabalho. Neste sentido, o presente estudo tem o fito de compreender o trabalho das mulheres migrantes a partir de uma discussão crítico-reflexiva acerca dos aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais que envolvem os fluxos migratórios e a intensificação nos deslocamentos realizados pelas mulheres.