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A construção das soluções tecnológicas foi um fator fulcral para a evolução do entendimento sobre os riscos pela humanidade. Na cultura Pré-Industrial, a supremacia das hierarquias eclesiásticas incorporava a conceitualização dos riscos com base no destino e culpa. Na Era Pós-Iluminista, os métodos religiosos deram lugar à racionalidade técnica e científica. Assim, a ciência é vista como uma força motriz responsável pela redefinição do risco refletida, no século XIX, pelo surgimento de uma forma institucional distinta, cujo objetivo era proteger os cidadãos dos perigos potenciais emergentes na época. No Pós-modernismo, o sistema relativamente seguro de gerenciamento de riscos começa a transmutar à medida que a sociedade entra no período de transição entre a Era Industrial e o que Ulrich Beck chamou de “Sociedade de Risco”. Durante esta fase, as culturas ocidentais tornam-se sitiadas por riscos intrínsecos que os sistemas de bem-estar social não podem resolver ou eliminar. À beira da “Sociedade de Risco”, os perigos naturais cedem lugar aos riscos manufaturados, que transcendem as fronteiras tradicionais do tempo e do espaço, revogando os princípios de responsabilidade existentes. Em concomitância a este contexto, a humanidade tem testemunhado a evolução e produção exponencial das soluções tecnológicas digitais, que induz a uma utilização massiva e continuada dos artefactos tecnológicos, materializando a Revolução Tecnológica, de Manuel Castells, e trazendo consigo um cenário onde não se sabe exatamente quais são os riscos corridos pelos indivíduos. O presente trabalho tem o objetivo de discutir sobre os riscos associados ao uso intensivo das tecnologias digitais na atualidade. Neste escopo, intenciona-se abarcar assuntos como discursos de ódio, cyberbullying, roubos de identidade, phishing, entre outros riscos aos quais os cidadãos estão constantemente expostos e que, muitas vezes, ainda passam colmatados pela cortina da virtualidade.