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O presente artigo deriva da pesquisa de mestrado, intitulada “Juventude em desenvolvimento: as experiências formativas e a construção do Projeto de Vida”, que analisou as experiências formativas, dentro e fora do ambiente escolar, que podem contribuir ou não, na elaboração de projetos de vida. O recorte feito neste artigo aponta para a importância de diferentes locais e contextos de educação e formação da juventude, para além da escola, que vão proporcionar experiências diversas aos jovens e assim favorecer seu desenvolvimento de identidade. Nesse sentido, elencamos algumas visões sobre a juventude e como elas direcionam as políticas públicas para esse segmento, a importância de reconhecer uma pluralidade da juventude e o papel dos projetos de vida nesse grupo etário. Assim, é feita uma reflexão sobre com as políticas públicas podem ampliar ou limitar as experiências das juventudes, e seu projeto de vida.

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INTRODUÇÃO

O presente artigo, busca identificar diferentes espaços educativos dos jovens que proporcionam inúmeras experiências, por meio das diferentes linguagens, reflexões, artes e valores, e que vão contribuir na construção do projeto de vida dos jovens.

Reconhecer esses espaços e relacionar com a realidade juvenil brasileira, permite cruzar o papel das políticas públicas para as juventudes nos horizontes do projeto de vida desse grupo etário, portanto, este trabalho derivado da pesquisa de mestrado, apresentada em 2019, reflete sobre o papel das políticas na construção de projetos mais amplos e auspiciosos .


JUVENTUDE

Neste capítulo, apresentamos as diferentes e distintas visões da juventude e o papel dos contextos culturais, sociais e econômicos na formação do jovem e daí identificar os diferentes aspectos que podem auxiliar, ou não, à constituição do sujeito.

Do ponto de vista das políticas públicas, o modo como o agente político compreende a juventude, vai definir suas ações, o desenvolvimento de programas e projetos, e consequentemente, oportunizar ou limitar as experiências que determinarão os projetos de vida dos jovens.

Apresentamos duas visões recorrentes sobre a juventude e que direcionam, muitas vezes, os discursos e as políticas públicas dos governos. De um lado temos aqueles indicam essa fase etária como conflituosa e problemática e as ações, programas e projetos devem ser formuladas para “corrigir” e adaptar os jovens à ordem social e moral vigente. Do outro lado temos aqueles que veem a juventude como a fase mais feliz da vida, e é vista como sinônimo de vitalidade, liberdade e revolução, creditando aos jovens a responsabilidade de resolver todos os problemas sociais.

Em ambas perspectivas, a juventude é idealizada e incoerente com a realidade juvenil e não traduz as demandas da juventude e não está associada a espaços sociais relevantes e políticas públicas eficientes que possam promover projetos de vida altruístas, nem garantir direitos ou diminuir as desigualdades sociais.

Com o intuito de se aproximar da juventude real, o presente trabalho adota uma visão de juventude que defende suas potencialidades e expectativas, e que considera essa fase etária como uma condição social e um tipo de representação (PERALVA, 1997), relacionando os aspectos e transformações biológicas, físicas e psicológicas, inerentes ao ser humano, mas também os elementos sociais, históricos e culturais que cada sociedade vivencia e representa sua juventude, e os aspectos de classes, gênero e regiões geográficas.

Reconhecer que o jovem experimenta uma pluralidade de oportunidades, dificuldades, facilidades que vão influenciar suas decisões nas diferentes dimensões da vida, como profissional, amorosa, escolar, familiar e direcionar sua trajetória e consequentemente seu projeto de vida e como as políticas públicas se tornam elementos centrais para ampliar as perspectivas de seus projetos de vida.


REALIDADE JUVENIL


Neste item buscamos compreender a complexa realidade dos jovens, analisar a conjuntura em que estão inseridos, quais problemas os atingem diretamente e refletir sobre quais políticas públicas podem ser elaboradas com o intuito superar dificuldades para permitir que sejam oferecidas maiores e melhores oportunidades que possam ser incorporadas aos projetos de vida desses jovens.

Com base num pesquisa realizada pela Agenda Juventude Brasil (2013), que indicou os temas com os quais os jovens se preocupam e que influenciam a construção de seus projetos de vida, que se alinham aos direitos fundamentais, como emprego, saúde e educação, contudo, apresentamos que a realidade em que os jovens brasileiros estão inseridos, é marcada por uma estrutura social desigual, conflitante e desafiadora, na qual a violência, a falta de oportunidades e uma educação sem qualidade, impactam diretamente a vida dos jovens, gerando ausência de perspectivas que afetam a construção de projetos de vida.


PROJETO DE VIDA


William Damon (2009), que apresenta o conceito de projeto de vida, relacionando-o com o termo “purpose”, cuja tradução mais aproximada é propósito, sendo o conjunto de escolhas que direcionam o sujeito, que desenvolve seus objetivos tendo em vista uma projeção futura, mas que possui um significado pessoal e moral, unido o caráter do “Eu” e a busca por fazer a diferença no mundo por meio de um propósito com metas amplas e estáveis.

A partir desta definição defendemos que o projeto de vida direciona o sujeito à conquistar seus sonhos, construir sua história e tomar decisões baseadas em valores morais, e destacamos a importância de refletir sobre a rede em que as juventudes estão inseridas e como os diversos espaços educativos tem potencial de oferecer recursos que podem ajudar no desenvolvimento de valores, comportamentos e saberes, e assim definir e redefinir as práticas e pensamentos das juventudes, e colaborar com a elaboração da sua identidade e em seu desenvolvimento integral.

OS TIPOS DE PROJETO DE VIDA


William Damon (2009), aponta que os projetos de vida, podem ter duas orientações, sendo voltadas para o indivíduo (self oriented) e aqueles que são projetados para além do indivíduo (beyond the self), que trazem como elementos contribuir com a sociedade, a coletividade e a comunidade em que estão inseridos ou suas famílias.

Com base nos dados coletados durante a pesquisa que realizamos1, em 2019, dividimos os projetos de vida nessas duas orientações, os resultados se assemelham ao de outras pesquisas, que indicam que 75% dos jovens possuem projetos orientados para si (self oriented), sendo o reflexo de um sistema individualista e capitalista, que relaciona felicidade com status, ficar rico, acumular bens materiais e ter valores superficiais, o que corresponde às conclusões de outros pesquisadores como Damon (2009), Danza (2014) e Klein (2011).

Os resultados demonstram que a sociedade, de modo geral, não incentiva valores que promovam a colaboração, o altruísmo, a solidariedade, o respeito, e tantas outras virtudes transcendentes. Ainda, as juventudes são marcadas pela desigualdades sociais e econômicas, conforme citado anteriormente, o que limita as possibilidades de romper com o status quo e alimentar outros tipos de projeto de vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto de vida torna-se essencial no debate sobre juventude, e tem ganhado destaque no âmbito acadêmico e relevante no cotidiano escolar, por exemplo, ao ser inserida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é um documento que apresenta as principais competências e habilidades que os alunos precisam desenvolver durante sua trajetória na educação básica.

Deste modo, a escola torna-se um espaço importante, necessário e possível para construção do projeto de vida das juventudes, que por meio de uma pluralidade de propostas, linguagens, reflexões, artes e valores pode contribuir para o desenvolvimento desses jovens.

Em síntese, é preciso propor políticas públicas que auxiliem os jovens na construção de seus projetos de vida, por meio da garantia e acesso aos direitos, de forma que eles possam superar a lógica individualista e promover sonhos que impactam o mundo positivamente. Para tanto, devem ser incentivados valores como o respeito, solidariedade, participação, empatia entre outros.

REFERÊNCIAS



ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia. Ser jovem no Brasil hoje: políticas e perfis da juventude brasileira. Cadernos Adenauer XVI, São Paulo, n. 1, p.13-25, 2015. Trimestral. Disponível em: <http://www.kas.de/wf/doc/16488-1442-5-30.pdf>. Acesso em: 17 maio 2017.


CALLIGARIS, Contardo. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000. 88 p. (Folha Explica).


DAMON, William. O que o Jovem Quer da Vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes. São Paulo: Summus, 2009. 200 p.


DELLAZZANA-ZANON, Letícia Lovato; FREITAS, Lia Beatriz de Lucca. Uma Revisão de Literatura sobre a Definição de Projeto de Vida na Adolescência. Interação em Psicologia, Curitiba, v. 19, n. 2, p.281-292, 11 out. 2016. Disponível em: <shorturl.at/aerw6>. Acesso em: 19 jan. 2019.


GRANDINO, Patricia Junqueira. A dimensão relacional na Educação: experiência formativa com educadores sociais e professores. 2004. 270 f. Tese (Doutorado em Educação), Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.


HURTADO, Daniela Haertel. Projetos de vida e projetos vitais: um estudo sobre projetos de jovens estudantes em condição de vulnerabilidade social da cidade de São Paulo. 2012. 170 f. Dissertação (Mestrado em Educação), Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-05022013-104615/publico/DANIELA_HAERTEL_HURTADO_rev.pdf>. Acesso em: 14 set. 2017.

KLEIN, Ana Maria. Projetos de Vida e escola: a percepção de estudantes do ensino médio sobre a contribuição das experiências escolares aos seus projetos de vida. 2011. 292 f. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-10082011-141814/publico/ANA_MARIA_KLEIN.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2017.


PERALVA, Angelina Teixeira; SPOSITO, Marilia Pontes (Org.). Juventude e contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 5, p.15-24, dez. 1997. Número Especial. Disponível em: <http://www.anped.org.br/sites/default/files/rbe/files/rbe_05_e_06.pdf>. Acesso em: 15 set. 2018.


SIRIANI, Felix Fernando. Juventude em desenvolvimento: as experiências formativas e a construção do Projeto de vida. 2019. Dissertação (Mestrado em Mudança Social e Participação Política) - Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. doi:10.11606/D.100.2019.tde-20112019-010348. Acesso em: 24 nov 2020.


SOUZA, Candida de; PAIVA, Ilana Lemos de. Faces da juventude brasileira: entre o ideal e o real. Estudos de Psicologia (natal), [s.l.], v. 17, n. 3, p.353-360, dez. 2012.


1 SIRIANI, Felix Fernando. Juventude em desenvolvimento: as experiências formativas e a construção do Projeto de vida. 2019. Dissertação (Mestrado em Mudança Social e Participação Política) - Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. doi:10.11606/D.100.2019.tde-20112019-010348. Acesso em: 2020-12-15.

Keywords (use both uppercase and lowercase letters)

Main author information

Felix Fernando Siriani (Brazil)
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (Brazil) 4599
Doutorando do Programa Mudança Social e Participação Política da USP (Universidade de São Paulo), Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Mudanças Sociais e Participação Política da USP (2019). Graduado em Políticas Públicas pela Universidade de São Paulo- USP (2010). É membro do grupo de pesquisa em Psicanálise e Interdisciplinaridade para a Infância e Juventude (PSIIJuv). Tem experiência na área da juventude; Projeto de Vida; Políticas Públicas; Educação; Empreendedorismo; Habilidades Socioemocionais; SUAS (Sistema Único da Assistência Social); Projetos de Impacto Social e Terceiro Setor. Já exerceu função de coordenador de serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, atividades em pastoral escolar e chefe de gabinete na Câmara Municipal de Americana. Atualmente é professor do Ensino Fundamental Anos Finais, administra um projeto social na cidade de Americana, e é proprietário da Consultoria Mandala Impacto Social.
Scientific production

Co-authors information

Patrícia Junqueira Grandino (Brazil)
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (Brazil) 4816
Graduada em Psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo, possui Mestrado em Educação pela Universidade de São Paulo e Doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo. Atualmente é Professora Doutora Sênior na Universidade de São Paulo e Professora Pesquisadora Credenciada no Programa de Pós-Graduação em Mudanças Sociais e Participação Política (PROMUSPP). Membro do Núcleo de Pesquisas sobre Novas Arquiteturas Pedagógicas. Líder do Grupo de Pesquisas em Psicanálise e Interdisciplinaridade para a Infância e Juventude (PSIIJuv). Foi Presidenta da Comissão de Defesa da Diversidade, Direitos Humanos e Democracia da EACH-USP (CDDDHD). Participa do Fórum do Campo Lacaniano de São Paulo desde 202018. Tem experiência na área da Infância e Juventude e Educação Social, Formação de Professores e Educadores sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: criança-adolescente, formação de professores e educadores, psicanálise e educação, relações intergeracionais e relações de cuidado.
Scientific production

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Approved